Quantidade de consertos em vazamentos de água realizados pela Sabesp é a menor desde 2011. Foto: Pedro França/Agência Senado (22/07/2014)
A quantidade de reparos em vazamentos de água realizados pela
Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) registrou uma queda de 14% (de 232.328 para 200.308) entre janeiro e setembro de 2014 e o mesmo período deste ano.
Os números representam todos os consertos feitos pela estatal nas regiões metropolitana de São Paulo e de Bragança Paulista (onde ficam os principais reservatórios do sistema Cantareira) no período.
É o que aponta levantamento inédito feito pelo
Fiquem Sabendo com base em dados da Sabesp obtidos por meio da
Lei Federal nº 12.527/2011 (Lei de Acesso à Informação).
De acordo com as informações disponibilizadas pela estatal controlada pelo governo
Geraldo Alckmin (PSDB), a quantidade de consertos em vazamentos contabilizada neste segundo ano de crise hídrica é a menor já registrada desde 2011 (primeiro ano do mandato anterior do tucano à frente do Palácio dos Bandeirantes). Naquele ano, entre janeiro e setembro, a Sabesp realizou um total 260.631 reparos (30% a mais do que em 2015). (Veja o detalhamento desses dados no infográfico abaixo.)
No primeiro ano de crise hídrica, número de consertos aumentou
O ano passado (último dos quatro anos da gestão de Dilma Pena à frente da Sabesp) registrou um aumento de 9% no número de consertos em vazamentos detectados na rede de distribuição e nos ramais que ligam essa rede aos imóveis dos consumidores. Entre janeiro e setembro de 2013, a empresa realizou 213.892 reparos na região.
Foi em 2014 que a Sabesp começou a realizar as manobras de redução de pressão na sua rede com o objetivo de diminuir o volume desperdiçado em decorrência dos vazamentos.
Queda nos reparos foi maior nos ramais entre a rede e os imóveis
Entre janeiro e setembro de 2014 e o mesmo período de 2015, o número de consertos nos ramais de interligação da rede de distribuição da Sabesp aos imóveis de seus clientes caiu 16% (179.429 para 151.045).
Esse percentual é bem superior à queda nos reparos realizados pela empresa em sua rede de distribuição, que foi de 7% (de 52.899 para 49.263).
Desperdício da Sabesp representa quase o triplo de volume economizado com bônus
Reportagem do
Fiquem Sabendo publicada em 23 de novembro mostrou que a Sabesp
desperdiçou de 550,2 bilhões de litros de água decorrente dos vazamentos existentes em sua rede de distribuição, entre março de 2014 (início da crise hídrica) e julho deste ano, na Grande São Paulo.
Esse volume representa quase o triplo (194% a mais) dos 193,1 bilhões de litros de água poupados, no mesmo período, em virtude da adesão dos consumidores ao bônus dado pela estatal a quem diminuiu o consumo desde o início da atual crise hídrica. Em outubro, 67% dos clientes da região metropolitana de São Paulo obtiveram o desconto.
Por que isso é importante?
A
Lei nº 9.433/97 (Política Nacional de Recursos Hídricos) prevê que a água “é um bem de domínio público” e que um dos objetivos dessa política é “assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos”.
Essa mesma lei federal determina ainda que “a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades”.
Em julho de 2010, a Assembleia Geral da
ONU (Organização das Nações Unidas) reconheceu o acesso a uma água de qualidade e a instalações sanitárias adequadas como um direito humano.
Redução de pressão e manutenções justificam números, diz empresa
A Sabesp disse por meio de nota enviada por sua assessoria de imprensa que "a queda no número de reparos de vazamentos é resultado do programa de redução de pressão, que foi intensificado em função da crise hídrica _as pressões menores de operação da rede resultam na menor ocorrência de novos vazamentos no sistema (rede e ramal)".
De acordo com a empresa, outro fator que influenciou a queda nos reparos foram as "manutenções preventivas que têm sido realizadas nos últimos anos, principalmente nos ramais".