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MEIO AMBIENTE

Ônibus da EMTU lançam 1,4 tonelada de CO2 na atmosfera por dia em SP

Léo Arcoverde

Publicado em: 19/08/2015
Atualizado em: 10/03/2023
Ônibus da EMTU lançam 1,4 tonelada de CO2 por dia na atmosfera em SP Ônibus da EMTU emitem 1,4 tonelada de gás carbônico diariamente na região metropolitana de São Paulo. Foto: Jeff Dias/ GESP (19/09/2013) Os 4.481 ônibus da EMTU (Empresa Metropolitana de Trens Urbanos) que circulam por cidades da Grande São Paulo lançam diariamente na atmosfera 1,4 tonelada de gás carbônico (CO2) oriunda da combustão de cerca de 537 mil litros de óleo diesel ao dia. É o que revela levantamento do Fiquem Sabendo com base em dados da empresa obtidos por meio da Lei Federal nº 12.527/2011 (Lei de Acesso à Informação) e em um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), do governo federal, sobre emissão de poluentes nas principais metrópoles brasileiras. O gás carbônico faz parte da atmosfera e forma uma capa no entorno da Terra, que contribui para a manutenção da temperatura do planeta em níveis adequados à preservação da vida _inclusive, a dos seres humano. No entanto, a sua emissão indiscriminada na atmosfera a partir da Revolução Industrial (século 18) é uma das principais causas do aquecimento global, de acordo com especialistas. De acordo com as informações disponibilizadas pela EMTU, entre 2010 e 2014, a quantidade de óleo diesel utilizada pela frota da EMTU em circulação na região metropolitana de São Paulo variou entre 176 milhões de litros (2100) e 198 milhões de litros (2013). O ano passado registrou uma queda de 1% em relação a 2013. (Veja o detalhamento desses dados no infográfico abaixo.) Ônibus da EMTU emitem 1,4 tonelada de CO2 por dia em São Paulo Esse levantamento não contabiliza as emissões do restante da frota da EMTU, presente em outras regiões metropolitanas do Estado, como Campinas e Santos, por exemplo.

98% dos coletivos metropolitanos são movidos a diesel

Dos 4.481 ônibus da EMTU em circulação na capital paulista e em cidades do seu entorno, 4.382 (98%) são movidos a etanol; 85 são elétricos e outros 14, híbridos (movidos a eletricidade e a diesel). De acordo com o estudo do Ipea “Emissões Relativas de Poluentes do Transporte Motorizado de Passageiros nos Grandes Centros Urbanos Brasileiros”, de 2011, a combustão de um litro de diesel produz 2,6 kg de gás carbônico, enquanto a queima da mesma quantidade de etanol é responsável pela geração de 0,56 kg (560 gramas) desse mesmo gás (veja no infográfico abaixo). Coletivos movidos a etanol são minoria na cidade de São Paulo

“Combustíveis fósseis não são alternativa sustentável e estão condenados globalmente”

Na avaliação professor do Mackenzie Campinas Reinaldo Dias, especialista em ciências ambientais, fontes de energia com base nos combustíveis fósseis, como é o caso do óleo diesel, “não são alternativa sustentável nas vias urbanas" e "estão condenadas globalmente, pois são fonte significativa dos gases do efeito estufa”. De acordo com ele, “está se fazendo um esforço global para mitigar os problemas climáticos que vão culminar neste fim de ano com a COP-21 que será realizada em Paris, e que criará um novo protocolo que substituirá o de Quioto. E um dos pontos importantes que se discute em todo o mundo é a substituição dos combustíveis fósseis por outros mais amigáveis com o meio ambiente”. Na avaliação do especialista, é necessário aumentar a frota dos ônibus híbridos, que, dada o fato de serem mais econômicos, diminuem a emissão de CO2 em 35% e de óxido de nitrogênio em 80%. Para Dias, “não há justificativa aceitável para a continuidade de utilização em larga escala de combustíveis fósseis”. “O esforço global das cidades com compromissos de sustentabilidade vai contra essa perspectiva, que é insustentável sob todos os aspectos: social, porque polui, contribuindo para a evolução de doenças, econômica (em médio e longo prazo o combustível fóssil, na relação custo benefício, perde para outros tipos de combustível) e ambientalmente, pois contribui significativamente para a liberação de gases do efeito estufa”.

Plano de Obama prevê reduzir emissões de CO2 em 32% até 2030

Ônibus da EMTU emitem 1,4 tonelada de CO2 por dia em São Paulo O presidente dos EUA, Barack Obama, durante lançamento do Plano de Energia Limpa elaborado pelo seu governo. Foto: Chuck Kennedy/ TWH (03/08/2015) No dia 3 deste mês, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, lançou o Plano de Energia Limpa. Ele prevê que o setor de energia elétrica norte-americano terá de reduzir em 32%, até 2030, as emissões de gases do efeito estufa em relação aos níveis de 2005. Por prever o fechamento de parte das termelétricas de carvão dos Estados Unidos (que constituem uma poderosa indústria e exerce um forte lobby no Congresso norte-americano), o plano de Obama é encarado por ambientalistas como o maior passo que o país já deu para combater a mudança climática. Ao lançar o plano, Obama afirmou: “Nenhum desafio coloca maior ameaça para as gerações futuras do que a mudança climática”.

Por que isso é importante?

A Constituição Federal de 1988 prevê, em seu art. 225, que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. Já a Lei 12.587/2012 (Política Nacional de Mobilidade Urbana) tem como uma de suas diretrizes o “incentivo ao desenvolvimento científico-tecnológico e ao uso de energias renováveis e menos poluentes”. Em setembro de 2014, a OMN (Organização Meteorológica Mundial) divulgou relatório em que aponta que a concentração de gases de efeito estufa no mundo atingiu níveis recordes em 2013. Ainda segundo esse relatório, entre 2012 e o ano seguinte, a quantidade de CO2 acumulada na atmosfera apresentou o maior crescimento registrado desde 1984 (29 anos).

Empresa é pioneira em testar alternativas ao diesel, afirma EMTU

A EMTU disse em nota que “é pioneira, no Brasil e em toda a América Latina, em desenvolver e testar novas  tecnologias de tração alternativas ao diesel, buscando a redução das emissões poluentes com foco na melhoria das condições ambientais e de saúde pública”. A empresa afirmou que mantém o Programa Conscientizar, que visa diminuir a emissão de poluentes dos ônibus metropolitanos com a conscientização das empresas operadoras sobre a necessidade de manter os motores regulados. “Em 2014, por exemplo, toda a frota passou por vistoria tendo um índice de aprovação de 83,4%. Os demais foram enviados para reparos e só voltaram a circular após aprovação em nova vistoria.” A EMTU informou que gerencia o transporte público nas quatro Regiões Metropolitanas de São Paulo que são atendidas por 6.150 ônibus, operando em 876 linhas metropolitanas, que percorrem 37,6 milhões de quilômetros e transportam 56,9 milhões de passageiros todos os meses. Dessa frota 85 são trólebus, 14 ônibus híbridos(diesel/elétrico) e quatro movidos a hidrogênio. Com referência à evolução do consumo de diesel, entre 2010 e 2014, a EMTU disse que isso se deveu à diminuição da velocidade comercial das viagens provocada pelo excesso de veículos particulares nas ruas e avenidas dos grandes centros, obrigando as empresas a adicionar mais ônibus para manter a frequência exigida por esta gestora, baseada na oferta e demanda. Também contribuiu para isso “o aumento do nosso território de atuação e frota administrada, com a incorporação dos 39 municípios da nova Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte”. A EMTU, que, nos últimos anos, vem adicionando à sua frota ônibus a hidrogênio e movidos a bateria, disse ainda que “a expansão dessas alternativas exige incentivos já realizados não só pelo Governo do Estado, mas também de aportes financeiros da União, a fundo perdido”.

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