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MEIO AMBIENTE

Quedas de árvores crescem 88% na cidade de São Paulo

Léo Arcoverde

Publicado em: 13/01/2016
Atualizado em: 10/03/2023
Quedas de árvores crescem 88% na cidade de São Paulo Trecho interditado da rua Mário Guastini, em Pinheiros, zona oeste paulistana; bairro foi o que registrou a maior quantidade de ocorrências de queda de árvores em 2015. Foto: Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas (23/12/2015) O número de quedas de árvores na cidade de São Paulo cresceu 88% entre janeiro e novembro de 2014 e o mesmo período de 2015.  Em números absolutos, o salto foi de 1.535 para 2.894 casos. De janeiro a novembro de 2015, a prefeitura contabilizou, em média, uma queda de árvore a cada duas horas e 46 minutos. Entre janeiro e novembro do ano passado, houve uma ocorrência a cada cinco horas. É o que aponta levantamento inédito feito pelo Fiquem Sabendo com base em dados da Secretaria Municipal de Coordenação das Subprefeituras obtidos por meio da Lei Federal nº 12.527/2011 (Lei de Acesso à Informação). De acordo com as informações disponibilizadas pela gestão do prefeito Fernando Haddad (PT), no comparativo, a quantidade de quedas de árvores cresceu nas áreas de 31 das 32 subprefeituras da capital paulista. Em algumas delas, a alta percentual no número de incidentes foi bem maior do que a verificada em toda a cidade. Região com maior quantidade de quedas de árvores em São Paulo neste ano, com 327 casos registrados entre janeiro e novembro (um a cada dia, em média), a área da Subprefeitura de Pinheiros, na zona oeste, contabilizou uma alta de 175% no número de incidentes dessa natureza em relação ao mesmo período de 2014, quando houve 119 ocorrências. Segunda subprefeitura com maior número de quedas de árvore contabilizada no período, com 264 ocorrências, a do Butantã, também na zona oeste, teve uma alta percentual de 87% no mesmo comparativo. Entre janeiro e novembro de 2014, essa região havia registrado 141 casos. Na região da Subprefeitura da Sé (região central), a alta foi de 75% (de 99 para 174 casos). (Veja o detalhamento das informações relativas às dez subprefeituras que registraram mais ocorrências dessa natureza no infográfico abaixo.) Quedas de árvores crescem 88% na cidade de São Paulo

Arborização da cidade não foi planejada, diz especialista

Na avaliação de Sérgio Brazolin, biólogo e pesquisador em arborização urbana do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), um dos fatores que influenciaram o aumento das quedas de árvores na cidade nos últimos meses é a presença cada vez maior, dado o passar do tempo, de árvores antigas, de grande porte, fragilizadas por questões como o apodrecimento por cupins. “Alguns dos bairros mais arborizados da cidade, como Pinheiros, Alto da Lapa e Jardins, foram planejados há cerca de 70 anos e, por isso, têm uma arborização muito antiga, que não foi planejada”, explica Brazolin. “Com isso, dependendo da espécie, muitas dessas árvores, que já teriam de ser substituídas, acabam caindo durante uma tempestade.” De acordo com o especialista, outro fator que influenciou a alta do número de queda de árvores foi a ocorrência, neste ano, de tempestades com ventos mais fortes do que o habitual. “Tivemos tempestades em que os ventos chegaram a 90 km/h, que reflete uma mudança climática que não ocorre só em São Paulo, mas sim em todo o mundo.” Para Reinaldo Dias, especialista em Meio Ambiente e professor da Universidade Mackenzie Campinas, o aumento do número de quedas de árvores exige planejamento no plantio de novas árvores por parte da prefeitura. “Não se deve plantar árvore indiscriminadamente. Cada espécie tem uma função. As árvores são importantes para a melhoria da qualidade de vida porque, entre outros benefícios, diminuem as temperaturas nas ilhas de calor da cidade.” Segundo ele, um trabalho de monitoramento permanente das árvores da cidade é essencial para evitar novas quedas.

Por que isso é importante?

A Constituição Federal de 1988 prevê, em seu artigo 225, que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. As árvores urbanas desempenham funções importantes para os cidadãos e o meio ambiente, tais como a elevação da permeabilidade do solo (e a diminuição dos riscos de enchentes) e o controle da temperatura e da qualidade do ar. Até mesmo a melhoria da paisagem urbana decorrente das áreas verdes é um fator que aumenta a qualidade de vida da população, segundo especialistas.

Novas equipes foram contratadas para reforçar poda e remoção, afirma secretaria

A Secretaria Municipal de Coordenação das Subprefeituras disse por meio de nota enviada por sua assessoria de imprensa que contratou 13 novas equipes para reforçar os serviços de poda e remoção de árvores na cidade de São Paulo; informou também ter aprimorado a forma como contabiliza as quedas de árvores na cidade. Veja a íntegra da nota que a pasta enviou à reportagem: "A Secretaria de Coordenação das Subprefeituras informa que 13 equipes novas foram contratadas no âmbito do Plano Intensivo de Manejo Arbóreo (PIMA), instituído em agosto de 2015 com foco no período de chuvas. Essas equipes reforçam as ações de poda e remoção de árvores em oito subprefeituras onde o problema é mais sensível (Sé, Pinheiros, Vila Mariana, Santo Amaro, Ipiranga, Butantã, Lapa e Mooca). Esses locais respondem, juntos, por 62% das quedas registradas nos últimos dois anos e 44% das demandas do SAC. Com base no cruzamento do número de pedidos de remoção e poda com o número de queda de árvores, as equipes conseguem planejar a atuação e dar mais agilidade e eficiência ao trabalho. O aumento do registro de quedas de árvores entre janeiro e novembro de 2014 e o mesmo período de 2015 pode ser explicado pelo aprimoramento da metodologia de registro feito pelas subprefeituras. Também há o fator dos eventos naturais, a exemplo de chuva que atingiu a cidade em 8 de setembro de 2015, que foi a mais intensa em um mês de setembro nos últimos  20 anos, com média de precipitações de 69,3 mm e rajadas de vento de até 83 km/h, de acordo com o CGE. Além do PIMA, a Secretaria de Coordenação das Subprefeituras assinou convênio de dois anos com a concessionária AES Eletropaulo. A parceria estabelece procedimento para manejo de espécies que possam interferir na rede elétrica, causa apontada como responsável por cerca de 50% das interrupções do fornecimento de energia na capital. Esse convênio, abrange as 32 subprefeituras, agiliza os serviços, pois a Eletropaulo recebeu uma autorização única e anual para executar os trabalhos. Antes, a concessionária precisava pedir autorização para cada árvore. Os resultados dos primeiros meses do PIMA ainda estão sendo processados. No entanto, levantamento nas oito subprefeituras mais vulneráveis ao problema mostra que houve aumento de 50% nos trabalhos de poda, remoção e plantio de árvores: foram realizados 15.736 manejos entre setembro e dezembro de 2015, enquanto em 2014 o total foi de 10.312."

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